Fungos em Lentes

Conteúdo


Introdução

Fungo ou mofo na lente da câmera ou no próprio corpo da câmera é um dos problemas mais comuns para fotógrafos que residem ou passam algum tempo em zonas tropicais ou equatoriais do planeta. Portanto, é um tema de grande interesse para fotógrafos brasileiros, mas não muito entendido por todos.

Tópico de diversas discussões em fóruns de fotografia e até mesmo de estudos científicos, os fungos costumam fazer de equipamentos fotográficos a sua morada.

Fungos podem se desenvolver em condições aparentemente bem desfavoráveis para a existência de vida, como em total escuridão e em ambientes sem ventilação. Estes seres vivos se propagam em condições aparentemente inóspitas desde que encontrem uma fonte de alimento, além de temperatura e umidade relativa no ar adequadas.

Os fungos conseguem entrar nas lentes junto com partículas de poeira e outros materiais microscópicos durante a fase inicial de sua existência, quando são chamados de esporos. E quando as condições ideais são encontradas, eles só precisam de alguns dias para germinarem, crescerem e se multiplicarem.

Para se alimentarem, os fungos secretam substâncias que podem corroer o revestimento e até mesmo o vidro de lentes. Ao crescerem, interrompem a passagem da luz para o sensor da câmera, reduzindo a nitidez das fotografias até um ponto que a lente pode ser inutilizada completamente.

Veja as imagens abaixo de uma câmera analógica antiga que foi abandonada há anos dentro de um armário. A segunda foto mostra um trecho ampliado da primeira. Perceba nesta foto as marcas na lente – este é o estrago causado pelos fungos.

É triste, mas a velha máxima de “prevenir é melhor do que remediar” também se aplica à questão de equipamentos fotográficos com mofo. Existem diversas formas de se prevenir o surgimento de fungos nas lentes e de limpá-las pode ser caro e complexo. Muitas delas serão discutidas a seguir.


8 maneiras de como evitar os fungos – mofo na lente ou câmera

Antes de mais nada, temos que entender do que os fungos precisam para germinarem, crescerem e se multiplicarem.

Os fungos que se multiplicam em lentes precisam de umiildade relativa alta (acima de 60%), temperatura adequada (10 a 35oC), poeira, restos de matéria orgânica e ou graxas (que são o seu alimento) e pouquíssima ou nenhuma luminosidade. Se você conseguir evitar pelo menos um dos fatores citados anteriormente, você diminuirá a probabilidade de fungos crescerem nos seus equipamentos.

A seguir é apresentado o quadrilátero dos fungos em lentes. Se qualquer um dos vértices for eliminado durante o armazenamento prolongado das lentes, os possíveis esporos presentes devem não germinar.


1 – Use a câmera frequentemente

A melhor forma de evitar a multiplicação de fungos nos seus equipamentos fotográficos é utilizando-os frequentemente. Você estará criando um ambiente menos propício para o crescimento de fungos ao movimentar a sua lente, mexendo nos anéis de foco ou de distância focal (zoom), alterando a abertura do diafragma e fazendo-o abrir e fechar. Além disso, fazer a luz do sol passar por dentro da lente também ajuda.

Basicamente, ao utilizar a lente, os esporos que ficaram em alguma posição relativamente confortável para crescer podem ser deslocados e, ao serem movimentados constantemente, não conseguirão se instalar adequadamente para se multiplicar.

A luz do sol ajuda a prevenir o crescimento de fungos porque os raios ultravioleta são fatais para estes organismos.

Então, manter uma rotação no uso de lentes é uma boa ideia. Planeje-se para utilizar lentes diferentes, evitando deixar uma ou outra por muito tempo sem uso.


2 – Armazene a câmera e as lentes em um recipiente com umidade controlada

Outra forma de prevenir o crescimento de fungos é armazenar as lentes em um recipiente fechado. Guardar o equipamento fotográfico junto a saquinhos de sílica-gel ajuda a manter a umidade controlada dentro deste recipiente. Com a umidade relativa no ambiente mantida acima de 30% e abaixo de 60%, os esporos não devem germinar e os fungos não devem se multiplicar.

Não há garantias, mas esta regra funciona na maioria dos casos. Os fungos podem acabar crescendo e se multiplicando uma hora ou outra, mesmo com a sílica-gel ou algum produto químico para reduzir a umidade.

É importante ressaltar que a sílica-gel só vai funcionar bem e manter a umidade controlada por mais tempo em recipientes herméticos. Assim ela demora mais a ficar saturada, ou seja, com tanta água que não é mais capaz de adsorver umidade (“adsorver” mesmo, que é um processo pelo qual moléculas ou íons de um fluido são atraídos ou retidos numa superfície sólida – nesse caso a superfície da sílica-gel).

A umidade deve ser apenas controlada – não há necessidade de se alcançar umidade relativa zero no ar! Alguns dizem que umidade muito baixa (menos do que 30%) por longos períodos de tempo pode até ser ruim para a sua lente – mais especificamente para os elementos lubrificados, como os mecanismos de zoom ou foco.

Para controlar a umidade, tudo que é necessário é um higrômetro (medidor de umidade) colocado junto aos seus equipamentos e saquinhos de sílica-gel ou outro produto químico e, o mais importante, supervisão frequente.

Quando você observar que a umidade passou de um nível crítico (60%), vai ser hora de substituir a sílica por uma nova.

Uma ideia interessante seria armazenar as suas lentes e câmeras dentro de um recipiente plástico hermético transparente. Assim, a luz passa e atinge as lentes, deixando a vida dos fungos mais difícil. Insira também um higrômetro no recipiente para medir a umidade e, claro, os saquinhos de sílica-gel.

Tente colocar o higrômetro (geralmente pode ser comprado modelo com termometro junto) posicionado de forma que consiga fazer a leitura sem precisar abrir a tampa.

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3 – Evite reutilizar sílica-gel indeterminadamente

Como já escrito, a sílica-gel torna-se saturada de umidade depois de algum tempo e perde a sua eficiência para retirar a umidade do ar.

Assim que constatado que a umidade não está diminuindo, ou pior, aumentando, é recomendado que se troquem os saquinhos ou granulos de sílica-gel.

Como medida de contenção, a sílica-gel pode ser regenerada em um forno convencional ou no microondas.

Como uma fonte de referência interessante, o seguinte documento PDF (em inglês) dá detalhes bem profissionais de como regenerar a sílica-gel para reutilização e ainda ensina a calcular a quantidade de sílica-gel necessária para reduzir a umidade de um recipiente fechado: Methods for Reconditioning Silica Gel

É interessante mencionar aqui que a sílica-gel não pode ser regenerada por muitas vezes, já que a cada ciclo de calor a que é submetida para a retirada da umidade, ela perde um pouco da sua capacidade de adsorção. Faça isso no máximo 3 vezes.

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4 – Evite respingos de água na câmera e lentes

Se, por algum motivo, a lente ou a câmera tiverem sido respingadas por água, evite guardá-las imediatamente. Espere seus equipamentos se secarem completamente antes de armazená-los para evitar excesso de umidade contido e saturação prematura da sílica-gel.


5 – Mantenha a temperatura da câmera e das lentes controlada

Bom, como mencionado anteriormente, os fungos gostam de faixas de temperaturas amenas para germinarem e se multiplicarem (de 10 a 35oC). Manter as lentes em um ambiente refrigerado ou aquecido provavelmente vai tirar os fungos da zona de conforto e assim evitar o seu crescimento desenfreado e a sua germinação.

Cuidado para não colocar as lentes em locais superaquecidos e danificá-las por causa do excesso de temperatura.

Câmaras de aquecimento não devem prover temperaturas acima de 50oC. Se isso acontecer, adesivos e lubrificantes podem ter a sua viscosidade reduzida a ponto de escorrer e podem alcançar elementos móveis internos da lente, como o diafragma. Neste caso, a lente precisará de reparo especializado.


6 – Evite o contato da câmera e das lentes com poeira

Com a poeira, pequenas partículas sedimentares acabam por entrar nas lentes e estas podem criar o ambiente perfeito para os fungos crescerem, já que eles terão como se alimentar. Sem poeira, os fungos não cresceriam.

O problema é que assim como a poeira, os fungos, ao entrarem na lente, são apenas partículas microscópicas chamadas esporos. A maioria das lentes não tem uma selagem suficientemente boa para impedir que partículas tão pequenas passem para dentro delas.

O máximo que pode ser feito para controlar a entrada de esporos e poeira dentro da sua lente á evitar usá-la em ambientes onde a atmosfera é suja e evitar deixar a lente largada em locais abertos ou ao tempo.

Para entrar ou fluir para dentro da lente, a poeira e os esporos precisam de uma pequena diferença de pressão entre o lado de fora e o de dentro. Esta diferença de pressão pode ser criada pelo vento ou pelo simples movimento do mecanismo de zoom ou de focagem. Toda vez que o volume interno da lente é aumentado, a pressão no seu interior diminui momentaneamente, e o ar que está fora, então, flui pelos espaços anulares entre as partes movimentadas e o barril da lente para ocupar o vazio criado. Veja isto exemplificado no esquema abaixo.

Mas não é apenas a movimentação da lente que pode fazer com que o ar contaminado e úmido entre na mesma. Até mesmo variações na temperatura e pressões atmosféricas ao redor da lente podem fazer com que ela “respire” e o ar entre e saia de dentro dela.

Casos extremos de variação de pressão atmosférica podem ser percebidos durante voos comerciais:


7 – Evite o contato da câmera fotográfica com couro e madeira

Utilizar bolsas de couro e caixas de madeira para armazenar ou transportar os equipamentos fotográficos é dito por muitos como um grande contribuidor para o desenvolvimento prematuro e rápido de fungos.

O problema principal com o couro e com a madeira é que estes são materiais orgânicos e os fungos precisam de matéria orgânica para se alimentar, crescer e se reproduzir. E assim como na nossa pele, com o passar do tempo, células microscópicas podem ir se desprendendo do couro e da madeira e, por isso, a probabilidade de elementos orgânicos entrarem nas lentes aumenta consideravelmente.

Além disso, se molhadas, essas bolsas e caixas tendem a reter a umidade por um bom tempo dentro de si, deixando o ambiente ainda mais favorável para o crescimento dos fungos.


8 – Evite o contato da câmera e lentes com equipamentos infectados -mofados

Armazenar uma lente infectada com fungos (mesmo que já limpa) junto a outras lentes limpas não é recomendado.

Pode ser que nada aconteça às lentes limpas, mas a probabilidade de que estas tenham fungo se desenvolvendo no futuro irá aumentar.

Como já citado, os fungos soltam partículas minúsculas para se multiplicarem – os esporos. Então, uma lente que tem fungos, ou já teve, provavelmente será uma fonte de esporos. Por estes serem muito pequenos, são facilmente movimentados por um fluxo de ar – mesmo um pequeno assopro ou respiração poderiam fazê-los flutuarem até encontrarem uma posição confortável. Se você não estiver com sorte, um destes esporos pode flutuar até entrar em alguma outra lente e infectá-la.

Assim, quanto maior a proximidade entre lentes infectadas e lentes limpas, maior será a chance da lente limpa ser infectada.


4 maneiras de limpar as lentes infectadas por fungos

Se os métodos preventivos não funcionaram e os fungos acabaram aparecendo nas lentes, diversas soluções existem, mas cada caso é único e o método de limpeza pode ser diferente.

Quando o fungo já está instalado na lente há algum tempo, soluções ácidas ou básicas excretadas para a sua digestão podem destruir os revestimentos das lentes. Em casos extremos, podem chegar até a corroer as lentes…

Uma vez que a lente ou seu revestimento forem corroídas, a única forma de consertá-la é com polimento especializado. Contudo, isto pode alterar (mesmo que pouco) a distância focal da lente e remover o seu revestimento. Por conta disso, a qualidade das fotos poderá ser afetada.

Dentre várias formas de limpar lentes as seguintes são amplamente citadas pela literatura especializada:


1 – Exposição a raios ultravioleta

Entre as formas de limpeza encontradas por algumas pessoas, a mais simples e menos intrusiva seria deixar a lente ao sol e deixar que os raios ultravioleta exterminem lentamente os fungos de dentro das lentes.

Deixe a lente com um dos lados virado para o sol por algumas horas e depois vire-a para a abertura traseira – ter luz incidida por diversos dias é a técnica recomendada.

Ao fazer isso, cuidado para não deixar materiais facilmente inflamáveis ou mais voláteis por baixo da lente. Se a luz do sol for focada no ponto abaixo da lente, ela pode iniciar um incêndio.

Cuidado também com o ambiente onde deixar a lente ao sol. Não a deixe em um local empoeirado, dentro do carro fechado ou onde a temperatura ambiente possa ultrapassar os 50oC. Se a lente ficar exposta a temperaturas elevadas por um longo período de tempo, os lubrificantes internos e adesivos podem se liquidificar e a lente pode perder sua funcionalidade.

Há diversas lentes com revestimentos que absorvem ou espelham raios ultravioleta. Isso significa que se existirem fungos instalados atrás do elemento filtrante, colocar a lente ao sol não terá nenhum efeito na remoção destes.

Para efeitos mais rápidos, ao invés de deixar a lente ao sol, esta pode ser colocada em câmaras especias com luz UV. O problema de utilizar câmaras de luz UV é que o UV forma ozônio (O3), que por sua vez reage com borrachas. Como o ambiente da câmara de UV é confinado, o ozônio estará confinado com a lente e, depois de algum tempo de exposição aos raios UV mais intensos e ao ozônio, as borrachas da lente ficarão prematuramente envelhecidas. Além disso, os raios UV provavelmente não atingirão todos os cantos e brechas dentro da lente. Pode ser que alguma parte interna da mesma não veja luz ultravioleta suficiente para que os fungos hospedados nela sejam eliminados completamente.

Da mesma forma que os fungos instalados nestas partes de sombra dentro da lente não são atingidos por raios ultravioleta, eles também não serão visíveis por uma pessoa olhando para dentro da lente ou através desta. Então, mesmo que o fotógrafo ache que a lente já está livre dos fungos, existe uma grande probabilidade de alguma parte deles ter resistido, podendo voltar a se multiplicar logo que as condições ideais sejam alcançadas.

É importante se considerar também que mesmo que o fungo tenha morrido dentro da lente e tenha saído do seu campo de visão, ele terá deixado para trás matéria orgânica, que por sua vez torna o ambiente propício para o retorno ou desenvolvimento de mais fungos.


2 – Exposição à atmosfera com fungicida

Existem diversos produtos químicos que matam os fungos e seus esporos efetivamente, contudo nem todos interagem muito bem com os componentes das lentes. Muitos podem ser tóxicos para humanos, outros podem causar corrosão prematura de metais dentro das lentes, outros podem ainda dissolver componentes não metálicos, ou até mesmo afetar os selos, dentre outros.


3 – Exposição à radiação

A radiação pode ser fatal para humanos, como também para os fungos. Se expostos a quantidades consideráveis de raios X, os fungos e esporos morrerão dentro das lentes e, se não estiverem firmemente presos à lente, sairão do caminho da luz.

Contudo, assim como para os outros métodos mencionados, ao morrerem os fungos, restos de matéria orgânica podem permanecer dentro da lente. Isso pode levar a um reaparecimento mais rápido dos fungos se as condições de crescimento (umidade, temperatura e falta de luz) forem atingidas novamente.

Quando se trabalha com radiação, diversos cuidados devem ser tomados: apenas profissionais habilitados podem fazer este trabalho, sendo necessários ambientes fechados e barreiras de radiação.

É interessante ressaltar que nenhuma radiação permanece na lente após esta ser exposta aos raios X. Fonte: veja a seção “To avoid fungus damage” neste site: Zeiss Lens Service


4 – Desmontar e limpar

De longe, este é o método mais intrusivo de todos e requer muita habilidade técnica de quem vai realizar o serviço.

Se estiver disposto a encarar o desafio de desmontar a lente por conta própria (o que não aconselhamos), há diversos vídeos disponíveis no Youtube que podem fornecer informação de como fazer isso. Se não encontrar vídeos em português, tente fazer uma busca em inglês, pois a probabilidade de obter resultados relevantes é maior. Para fazer a busca, escreva o modelo da sua lente e lens (entre aspas) e em seguida a palavra disassembly (que significa desmontagem em inglês).

Exemplo: [ “pentax 50mm lens” disassembly ]

Lentes compradas recentemente podem perder a garantia se desmontadas em centros de reparo não habilitados pelos fabricantes (leia-se em casa).

Desmontar lentes primárias geralmente é menos difícil do que desmontar lentes de zoom. As lentes de zoom têm muito mais peças e mecanismos internos, que uma vez fora do lugar podem nunca mais voltar para as suas posições originais!

Abaixo segue um vídeo interessante demonstrando a desmontagem e limpeza de uma lente com fungos:


Obviamente, se a pessoa não tiver a habilidade e a competência necessárias para isso, não quiser correr o risco de nunca mais conseguir remontar a lente e ainda por cima de perder a garantia, é aconselhável que a lente seja levada para um centro de reparo autorizado pelo fabricante. Fazer as coisas por conta própria pode ser um barato que sai caro!

Não demore a agir, pois quanto mais demorar, mais os fungos vão se multiplicar e a probabilidade de eles deixarem a lente marcada aumentará.

É bom lembrar que desmontar a lente é apenas o primeiro passo, que deve ser seguido de limpeza e remoção dos fungos e esporos. No link a seguir é encontrado o manual de serviço de uma Leica M2 (câmera fotográfica clássica, cujo último ano de fabricação foi 1968). Neste manual, há informação de cuidados básicos que devem ser tomados ao desmontar as lentes (pág. 70) e da solução líquida que deve ser preparada para a remoção dos fungos (pág. 71): KS-15(4) Camera Set – Repair Training Program

A solução mostrada neste manual contém água destilada, amônia, álcool e peróxido de hidrogênio (água oxigenada). Para informações sobre proporções e métodos de preparo veja o manual.

É importante utilizar uma solução capaz de matar os fungos e também os esporos, porque isso vai aumentar a probabilidade dos fungos não retornarem depois da limpeza. Se apenas os fungos forem retirados, lembre-se que esporos não são visíveis a olho nu. Provavelmente alguns esporos podem permanecer ali junto com outras sujeiras e isto vai facilitar o retorno e o crescimento de fungos no futuro.

O álcool, neste caso, serve também para aumentar a volatilidade da solução e fazer com que, após aplicada na lente, evapore mais rapidamente, sem deixar umidade.

A Nikon, em seus manuais de instrução, recomenda a limpeza da lente com solução especial para limpeza de lentes e alerta para o usuário nunca utilizar thinner ou solventes na limpeza da lente. Veja em: Nikon Manual do usuário NIKKOR 55–300mm (pág. 18 em inglês e 42 em espanhol – nada em português…)

Outra dica é que ao desmontar a lente, estes esporos e outras micropartículas estarão libertas do seu envólucro e podem ser levadas por correntes de ar para bem longe da lente com bastante facilidade. Então, a lente deve ser desmontada em um lugar especial e isolado de outros equipamentos fotográficos. Isto é tão importante que alguns centros de serviço especializados nem aceitam fazer manutenção em lentes com fungos por precaução de não contaminar o recinto e, com isso, outras lentes.


Um pouco de história

Instrumentos óticos, como binóculos, monóculos, alças de mira e lentes de câmeras, não eram muito comuns no início do século XX e não tinham grande importância a ponto de atrair interesses nacionais. Até que chegou a época da Segunda Guerra Mundial, quando estes equipamentos passaram a ser utilizados nos campos de batalha para a defesa de interesses maiores. E foi então que empresas e também universidades e instituições tecnológicas militares passaram a estudá-los.

O problema de fungos em lentes começou a ser amplamente estudado na Grã-Bretanha, na Austrália e nos Estados Unidos quando foi constatado que os instrumentos óticos utilizados nos campos de batalha em zonas tropicais do planeta não estavam resistindo por muito tempo sem serem largamente infectados por fungos.

Ao mover binóculos da Austrália para a Nova Guiné, por exemplo, as tropas australianas perceberam que nestes estavam sendo desenvolvidas colônias de fungos que rapidamente tornavam os aparelhos inutilizáveis. Também foi observado que equipamentos óticos japoneses capturados nos campos de batalha tropicais haviam sofrido o mesmo tipo de infestação de fungos.

Observações de campo demonstravam que equipamentos armazenados em caixas de madeira e carregados em bolsas de couro sofriam mais infestações por fungos do que os demais.

As pesquisas desenvolvidas nesta época suportavam evidências de que dissecantes, tintas e ceras com fungicida e até mesmo radiação em porções não maléficas às pessoas poderiam ser utilizadas para evitar o crescimento e a proliferação de fungos em lentes.

As mesmas pesquisas também determinaram os tipos de fungos que habitualmente eram encontrados dentro das lentes, além dos prós e contras das diversas técnicas que foram experimentadas para a prevenção de seu crescimento.


Que tipo de fungo é geralmente encontrado em lentes?

Segundo pesquisas realizadas na Austrália há decadas atrás, os seguintes fungos foram usualmente encontrados em lentes:

Penicillium, Aspergillus, Trichoderma, Mucor

Experimentos realizados posteriormente pelos EUA na região do Canal do Panamá encontraram ainda uma outra espécie de fungo não encontrada antes:

Monilia crassa

Outras pesquisas realizadas depois na Índia encontraram mais outros tipos de fungos, que foram igualmente capazes de habitar equipamentos óticos:

Paecilomyces, Syncephalastrum, Sepedonium, Cuvulvaria, Fusarium, Cladosporium

Para referência: Fungus in optical instruments

É interessante observar que apesar da distância geográfica, fungos do tipo Penicillium, Monilia e Aspergillus foram isolados em estudos diferentes. Contudo, a variedade de espécies remete à idéia de que os fungos que adentram as lentes podem ter origem em todas as regiões geográficas por onde a lente já passou desde a sua fabricação.

Portanto, alguns dos fungos encontrados em lentes no Brasil não necessariamente serão provenienetes de lá.

De qualquer forma, os cuidados para evitar a sua ploriferação deverão ser os mesmos.


Outras fontes de informação


Publicado por Câmera Neon em 2013-06-14 17:49:09. Última atualização em . [sc:end2 ]

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