Próxima Parada Atlântico, por Stephen Mallon

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Stephen Mallon é fotógrafo e autor do Projeto Próxima Parada Atlântico, que mostra cenas curiosas: vagões de metrô sendo despejados no Oceano Atlântico para servirem de barreiras artificiais de corais. Veja a seguir uma entrevista sobre seu trabalho.


CameraNeon: Quando você decidiu levar este projeto adiante, quanto tempo teve que esperar pelo dia em que os vagões seriam jogados ao mar?

Stephen Mallon: Levou dois meses para eu conseguir acesso para o projeto e a partir daí eu o fotografava em paralelo a outros projetos de 2008 até 2010.


O que aconteceu na sua vida que te inspirou a fotografar vagões de metrô sendo descartados – o que te motivou a fazer este projeto?

Isso parece tão trágico! Os trens nunca fizeram nada de mal contra mim, eu apenas gosto de vê-los tentando nadar…

Fui convidado por um agente que estava interessado em fazer um livro comigo. Procurei um tema relevante, que estivesse relacionado com o que eu já vinha fotografando. Nós fizemos por dois anos algumas viagens de “caça à fotografia”, procurando por paisagens industriais interessantes para fotografar. Então percebemos que focar no reuso de espaço e de materiais seria uma boa forma de transição dos projetos anteriores para este.

Para o projeto “American Reclamation” (Recuperação Americana), fotografei uma fábrica de papel, duas plantas de reciclagem de eletrônicos e uma fábrica de cimento.

Em 2007, eu estava trabalhando em outro projeto quando vi a barcaça carregada de vagões de metrôs antigos de Nova Iorque em Bayonne (Nova Jersey, EUA).


O quão importante você acha que é incluir pessoas nas suas fotografias e depois mostrá-las como parte dos seus projetos?

Frequentemente, incluo pessoas nas minhas imagens para dar um senso de escala.
Eu me sinto atraído muitas vezes pelos padrões e estruturas dos objetos que estou fotografando e pessoas são parte importante disto. Costumo isolar os objetos da minha fotografia de tal forma que o observador nem sempre tem um ponto de referência para saber exatamente para onde direcionar o olhar.


Neste projeto, existe um certo equilíbrio entre as fotografias que mostram ações, como um vagão batendo na água, e outras que mostram cenas mais estáticas, como se os vagões estivessem esperando para se transformar em recifes artificiais de corais. Este equilíbrio foi alcançado e mostrado de forma proposital?

Sim. Eu fotografei tudo com uma câmera de alta resolução e alta velocidade, então acabei tendo diversas sequências de imagens que mostravam o movimento dos vagões – desde que começavam a cair até o instante que se impactavam na água. Após rever todas as fotografias, fiz uma seleção mostrando os diferentes momentos dos vagões encontrando o seu “novo lar”.

Um dos meus favoritos é “Shallow” (Raso), quando o vagão tem congelado o momento em que quase acerta a água (veja a foto abaixo). Sempre imaginei este sendo um momento narcisista do vagão, olhando para o seu próprio reflexo prestes a cair.

Estas fotografias são cheias de significado e podem ser interpretadas de muitas formas. Para você, o fotógrafo, existe uma mensagem que você gostaria de ressaltar?

Obrigado! Eu acredito neste projeto e estou certo que recifes artificiais estão ajudando a repopular a Costa Atlântica. Se você quiser construir um comigo, me procure, pois já tenho um projeto em mente!


Estes vagões de metrô foram projetados e usados para servir às pessoas, ajudaram a sociedade a prosperar no passado e, agora, têm um novo propósito debaixo d’água. O que você sentiu quando os viu sendo jogados na água? Você diria que seus sentimentos impactaram na composição de suas fotografias?

Captar a sensação destes vagões de transporte em massa sendo jogados tão facilmente no oceano foi uma mistura de decisões no que diz respeito à logística e à estética. Eu estava bastante concentrado no projeto, porque sabia que tinha poucas oportunidades de capturar estes momentos.
Ao longo do projeto, as fotografias se tornaram cada vez mais difíceis, pois eu buscava não repetir o que já havia sido fotografado anteriormente.
Eu sempre sentia no meu íntimo este momento, de certa forma violento, da reciclagem dos mesmos trens que eu costumava usar para ir ao meu estúdio fotográfico todas as manhãs!


Todas as imagens foram publicadas com o consentimento de Stephen Mallon e Front Room Gallery. A imagem “Don’t do this” (Não faça isso), assim como outras de suas fotografias, serão exibidas na exposição solo de Mallon, “Patterns of Interest” (Padrões de Interesse), nas Galerias Kimmel da NYU (New York University) de 6 de Fevereiro a 15 de Março de 2015.

Sobre Stephen Mallon

Em 2009, Stephen Mallon fez grande sucesso com “Brace for Impact: The Salvage of Flight 1549”, uma série de fotografias documentando a recuperação do voo da US Air, no qual o capitão Chesley “Sully” Sullenberger conseguiu fazer uma aterrisagem forçada com segurança no Rio Hudson em 15 de Janeiro de 2009.

As imagens que Mallon produziu em duas semanas com a Weeks Marine estiveram em exposições em Nova Iorque, Filadelfia e foram mostradas na MSNBC, NBC, Wired.com, New York Magazine, Resource Magazine, Vanity Fair e CBS News.

Em 2010, a exposição solo de Stephen – “Next Stop Atlantic” (Próxima Parada Atlântico) foi recebida com louvor pelo New York Times, National Public Radio, GQ, Flavor Wire, The Atlantic, Fast Company, Feature Shoot e My Modern Metropolis. O trabalho foi mostrado no festival de foto Look 3 em Charlottesville, Miami, St Louis e Roma.

Os projetos de Mallon geralmente requerem meses ou anos de produção. Seu filme curta-metragem sobre a produção e instalação da nova ponte na Willis Avenue foi criado com mais de 30.000 imagens. O filme “Bridge Delivered” foi revisto pelo Wall St Journal, New York Magazine, GQ, PDN e WIRED. Foi mostrado em cinco festivais em Nova Iorque, Los Angeles e Bristol.

Seu trabalho já foi exibido em muitas publicações. O fotógrafo já trabalhou para uma gama variada de clientes, incluindo New York Times Magazine, The Wall Street Journal, Fortune, Publicis, Sudler & Hennessey e MAYTAG.

As fotografias de Mallon foram honradas pelo Communication Arts, Photo District News, The New York Photo Festival, The Lucie Awards, International Color Awards e Photo Lucida’s Critical Mass top 50 de 2011. Stephen também é um líder na comunidade fotográfica. Desde 2002 ele é membro do conselho do capítulo de Nova Iorque da American Society of Media Photographers, da qual foi presidente de 2006 a 2009.

Portfólio: http://www.StephenMallon.com

Galeria do Projeto Next Stop Atlantic: http://www.stephenmallon.com/Photography/Next-Stop-Atlantic/1/


Publicado por Câmera Neon em 2015-01-26 23:46:04. Última atualização em . [sc:end2 ]

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