[sc:script ]Conteúdo
- Introdução – o que é balanço de branco e para que serve
- Balanço de branco pré-configurado
- Temperatura de cor
- Lâmpadas fluorescentes e fotografia: balanço de branco
- Problemas comuns em retratos devido à seleção incorreta de balanço de branco
- RAW X JPEG no balanço de branco
- Balanço de branco na fotografia com filtro de densidade neutra
- Balanço de branco na fotografia analógica
Introdução – O que é balanço de branco e para que serve
O balanço de branco é uma forma de alterar as cores que a câmera “enxerga” ao fotografar e, portanto, os tons de uma fotografia. Diferentemente do olho humano, que constantemente se adapta a diferentes iluminações e nos permite enxergar as cores reais de objetos mesmo sob iluminações bem diversas, a câmera precisa de ajustes em seu balanço de branco para ser capaz de captar as cores reais do ambiente, quando este está iluminado por uma fonte que não emita luz branca.
O básico de se entender por trás da seleção do balanço de branco é que esta função serve para deixar uma fotografia com cores mais quentes ou mais frias. Sob diferentes iluminações, um mesmo objeto branco pode apresentar uma coloração diferente da branca para a câmera. Ou seja, dependendo da iluminação, a câmera pode enxergar um objeto branco com uma cor creme, por exemplo, ou com uma outra cor pastel (clara).
Com o balanço de branco automático, a câmera digital tenta ajustar a fotografia para deixar os brancos realmente brancos, mas em alguns casos ela pode falhar e deixar uma foto alaranjada, azulada ou até esverdeada.
Em outros momentos, ao utilizar um balanço de branco ajustável, pode ser que seja o intuito do fotógrafo deixar os brancos com uma cor diferente, para dar um efeito especial na foto.
Como a luz branca nada mais é do que a soma de todas as outras cores, ao alterar o balanço de branco de uma imagem, todas as cores que aparecem nesta fotografia ficarão diferentes também (não apenas o branco).
O fato é que se o intuito do fotógrafo for retratar exatamente a forma como os olhos dele estão enxergando uma cena em um determinado momento, ele provavelmente terá que ajustar o balanço de branco e temperatura de cor exatos para esta situação. E é isso que o balanço de branco automático da câmera digital tenta fazer (nem sempre com êxito) para descomplicar a vida do fotógrafo.
Balanço de branco pré-configurado
Para auxiliar os fotógrafos em situações em que o balanço de branco automático poderia se enganar ou situações comuns em cenas cotidianas, os fabricantes de câmeras geralmente vendem seus equipamentos com configurações típicas pré-configuradas.
Veja abaixo uma tabela que mostra os balanços de branco pré-configurados e suas respectivas temperaturas de cores em uma câmera DSLR da Nikon e no Adobe Lightroom (os valores podem variar ligeiramente entre diferentes câmeras digitais e programas de pós-processamento):
Balanços de branco pré-configurados | Câmera Nikon | Adobe Lightroom |
Lâmpada incandescente (tungstênio) | 3.000K | 2.850K |
Lâmpada fluorescente branca | 4.200K | 3.800K |
Luz do dia | 5.200K | 5.500K |
Flash | 5.400K | 5.500K |
Tempo nublado | 6.000K | 6.500K |
Sombra | 8.000K | 7.500K |
Além destas, há também as opções de balanços de branco variáveis, que são a Automática e a Programável (também chamada de Customizável).
Há vários tipos de lâmpadas fluorescentes (não só a branca), como a de vapor de sódio, fria, quente, etc, e por isso há diferentes opções de balanço de branco relativas a elas. Veja na sua máquina as opções existentes e use-as adequadamente para melhores resultados nas cores das suas fotos.
Veja abaixo uma imagem ilustrativa, mostrando duas fotos com os diferentes balanços de branco.
Clique na foto de exemplo para ampliá-la e ler a legenda.
Observe na foto do prédio como as cores azul (do céu) e amarela (da fachada do prédio) se alteram consideravelmente. As cores mais condizentes com a realidade seriam a da configuração luz do dia, já que foi nessa condição que a foto foi tirada. No caso da foto da estátua, ela é de mármore, branca, e dependendo do balanço de branco ela pode ficar azulada ou amarelada. O balanço de branco correto aqui seria lâmpada fluorescente branca.
A diferença entre estes diversos balanços de branco está no fato que a câmera terá que compensar a temperatura de cor da luz que esteja iluminando a composição enquadrada. Portanto, para entender como o balanço de branco da câmera funciona, é necessário compreender o que é temperatura de cor.
Temperatura de cor
Para demonstrar o conceito de temperatura de cor, utiliza-se um objeto opaco chamado de corpo negro. Conceitualmente, ele absorve toda a luz recebida e não reflete nenhuma, sendo preto à temperatura ambiente. Além disso, ele emite radiação térmica, e por isso brilha quando aquecido a uma alta temperatura.
A ideia de temperatura de cor é baseada na cor da luz que este corpo negro emite quando se encontra a uma determinada temperatura.
Quanto mais azulada for a cor da luz emitida pelo corpo negro, maior é a sua temperatura e assim, maior é a temperatura dessa luz. E se a sua temperatura for sendo reduzida gradativamente, este vai passar a emitir luz branca, depois amarelada, alaranjada e finalmente avermelhada até que ele se “apague” e emita apenas ondas infravermelhas, não visíveis a olho nu.
Temperatura de cor variando de azul (mais quente) a preto (mais frio).
Bons exemplos, bem variados, de aproximação de um corpo negro emitindo luz são a chama de uma vela (luz alaranjada), a resistência elétrica de uma torradeira (luz avermelhada) ou uma lâmpada incandescente (luz amarelada).
É baseado no conceito de temperatura de cor que as câmeras calculam e determinam o balanço de branco automaticamente para uma cena. As câmeras digitais tentam balancear as cores para que a fotografia não saia nem avermelhada nem azulada, compensando a iluminação da cena para que ela fique como se estivesse iluminada por uma luz branca neutra.
Então, digamos que a fonte de luz iluminando o ambiente a ser fotografado é uma lâmpada incandescente com temperatura baixa de cor (avermelhada) em torno de 3.000K. O fotógrafo terá que compensar a luz avermelhada utilizando o balanço de branco da câmera digital, que vai corrigir (remapear) as cores da foto, ampliando a temperatura de cor. Assim, os brancos vão ficar brancos, ao invés de amarelados.
Animação mostrando a compensação da temperatura de cor do ambiente em uma foto.
Da mesma forma, uma fotografia tirada em um ambiente iluminado por uma lâmpada fluorescente emitindo luz azulada precisará ser ajustada para compensar o excesso de azul.
É importante compreender que o fato de um objeto estar emitindo luz com uma temperatura de cor da ordem de 7.500 kelvin, por exemplo, ele não necessariamente estará a uma temperatura de 7.500K. Vejam o exemplo de lâmpadas fluorescentes, que não passam de 100oC (373K), mas podem emitir luz EQUIVALENTE à luz que um corpo negro emitiria se aquecido a uma temperatura em torno de 8.000K.
Lâmpada fluorescente tem temperatura máxima aproximada de 100°C (373K), apesar de emitir luz com uma temperatura de cor da ordem de 7.500 kelvin.
Lâmpadas fluorescentes e fotografia: balanço de branco
Algumas lâmpadas introduzem cores que um corpo negro não emitiria ao ser aquecido. Estas cores são variações de verde a magenta e podem ser problemáticas para o balanço de branco de uma fotografia.
Devido a essa possível introdução de cores na iluminação ambiente, além de compensar para variações na temperatura de cor (de azul (B) a âmbar (A)), o balanço de branco também terá que ser configurado para ajustar e equilibrar as cores verdes (G) ou magenta (M) em excesso em uma imagem.
Tela de configuração de balanço de brancos em uma câmera DSLR Nikon.
Problemas comuns em retratos devido à seleção incorreta de balanço de branco
Quando a câmera e/ou o fotógrafo falham em compensar a iluminação ao configurar incorretamente o balanço de branco de um retrato, os resultados podem ser cores surreais.
Geralmente, o mais impactante é quando o sorriso da pessoa fica amarelo (dentes amarelados) e os olhos também. Em outro caso extremo a pessoa fica azulada e pálida.
A sequência de fotos a seguir demonstra, para o mesmo retrato, variações diversas no balanço de cor – tanto na temperatura de cor (azul-âmbar) quanto no desvio de magenta-verde.
Clique na foto de exemplo para ampliá-la.
Se a câmera estiver com balanço de branco ajustado no modo automático e os retratos saírem como descritos anteriormente, vale a pena experimentar uma configuração diferente para o balanço de branco e tentar compensá-lo manualmente – especialmente se a câmera estiver configurada para tirar fotografias em JPEG.
Para evitar o ajuste manual, muitas vezes impreciso, existem acessórios que ajudam o fotógrafo a configurar o balanço de branco para cada cena com mais exatidão. Como exemplos temos o Cartão QP e o X-Rite Digital ColorChecker Passport.
Quando a câmera estiver configurada para tirar fotografia em RAW, o balanço de branco pode ser ajustado com mais facilidade no pós-processamento – por isso, fotografias em JPEG são mais afetadas.
RAW X JPEG no balanço de branco
Analisando a diferença entre os formatos JPEG e RAW do ponto de vista exclusivo de balanço de branco, fica claro um dos motivos porque alguns fotógrafos preferem tirar fotografias em RAW ao invés de JPEG.
RAW: logo após a captura da fotografia, a câmera armazena as informações de iluminação/intensidade de luz que atingiu cada pixel sem nenhuma (ou com pouca) compressão de informação ou perda de detalhe. Por isso, o fotógrafo ganha a liberdade de selecionar posteriormente o balanço de branco desejado para a sua imagem sem deteriorar a sua qualidade final.
Em fotografia RAW, a imagem é minimamente processada na câmera antes de ser salva no cartão de memória e, por isso, carrega em seus metadados apenas uma referência sobre o balanço de branco definido na hora que a fotografia foi tirada, dando liberdade para que o fotógrafo especifique a configuração de balanço de branco e a relação verde/magenta desejada durante o pós-processamento da imagem, antes de salvá-la como JPEG, TIFF ou outro formato.
JPEG: diferentemente do arquivo RAW, o JPEG carrega consigo informações do balanço de branco desde a sua criação pela câmera fotográfica. Na verdade, o arquivo JPEG é criado a partir da compressão de um arquivo RAW ainda dentro da câmera digital. Durante esta transformação, muita informação que o arquivo RAW continha em termos de cores é perdida e o balanço de branco configurado na câmera é aplicado na foto.
Tendo a foto salva como JPEG, se o fotógrafo desejar alterar o balanço de branco durante o pós-processamento, a qualidade da foto será deteriorada e poderá haver perda na sua gama de cores e até mesmo levar a um efeito indesejado de posterização.
Conclusão: arquivos RAW proporcionam mais flexibilidade e dão a opção de alterar e testar diversos balanços de branco durante o pós-processamento da imagem sem perda de qualidade ou nitidez. Enquanto isso, arquivos JPEG não podem ter o seu balanço de branco alterado durante o pós-processamento sem que a qualidade da fotografia seja reduzida.
Contudo, todo arquivo RAW precisará de pós-processamento para inclusão da informação de balanço de branco, o que requer tempo e paciência, enquanto arquivos JPEG já são criados prontos para serem usados e distribuídos, e se o fotógrafo estiver satisfeito com o resultado da sua escolha de configurações na foto, nenhum pós-processamento será necessário.
Balanço de branco na fotografia com filtro de densidade neutra
Enquanto a maioria dos fotógrafos escolhe usar o balanço de branco no modo automático em suas câmeras digitais, este hábito precisa de atenção quando o assunto é fotografia de longa exposição utilizando filtros de densidade neutra.
Alguns filtros podem levar a cor da imagem a variar daquela real e ganhar tonalidades surreais. A resposta mais eficaz para solucionar este problema geralmente é selecionar um balanço de branco pré-configurado (como sombra ou luz do dia por exemplo) antes de bater a fotografia.
Balanço de branco na fotografia analógica
Apesar de grande parte deste artigo ter sido escrita para fotógrafos que utilizam câmeras digitais, alguns de seus conceitos ainda são válidos para as analógicas. Em termos de balanço de branco, uma das grandes diferenças entre fotografia digital e analógica é que nas câmeras digitais podemos selecionar um balanço de branco diferente a cada foto tirada, enquanto que nas analógicas o balanço de branco é definido pelo filme fotográfico.
Portanto, para trocar o balanço de branco, é preciso trocar o filme. Outra solução menos “radical” seria utilizar algum filtro colorido para balancear a luz antes que ela entre pela lente da câmera e atinja o filme fotográfico.
Publicado por Câmera Neon originalmente em 2013-07-08 20:52:46. [sc:end2 ]